O outono de 2024 está se destacando como uma estação atípica em várias partes do Brasil, com temperaturas até 5°C acima da média sendo registradas. Este cenário incomum tem sido observado há meses em diversas cidades do país, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste.
Na cidade de São Paulo e no Rio de Janeiro, as temperaturas máximas têm superado a média dos últimos 30 anos, com variações de 2 a 3 graus acima do esperado. Em outras regiões como Cuiabá e Curitiba, esse aumento tem sido ainda mais significativo, alcançando até 5 graus acima da média em junho.
Segundo Micael Cecchini, professor de meteorologia da USP, esse fenômeno pode ser atribuído à influência dos oceanos, principalmente o Pacífico, que impacta diretamente o clima brasileiro. A intensificação do El Niño cria uma zona de alta pressão no Atlântico, afetando as condições climáticas sobre o território nacional.
“A frente fria vem lá da região polar, passa pela Argentina, chega aqui no sul do Brasil e encontra com essa alta pressão. E aí elas podem estacionar sobre o sul e aí fica chovendo vários dias como a gente vem vendo. Então, se a gente tem quase nenhuma entrando, as temperaturas vão aumentando até chegar a entrada do inverno de fato que rompa este ciclo”, explica Cecchini.
Embora o El Niño tenha terminado, a transição para o frio, associada ao fenômeno La Niña, está ocorrendo gradualmente, o que significa que ainda podemos esperar dias quentes pela frente. Esta situação atípica tem impactos diversos, incluindo a adaptação de setores como o de comércio, como exemplificado por Severino Ramos, vendedor de gelo, que depende do clima para suas vendas.
“Dependo do calor, se tiver frio, como vou vender gelo?”, questiona Ramos.